terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

TECNOLOGIA – GESTÃO, PRÁTICA E EFICIÊNCIA NA FASE DE CRIA continuação


TECNOLOGIA – GESTÃO, PRÁTICA E EFICIÊNCIA NA FASE DE CRIA

                                                                                                     Adriana Calmon de Brito Pedreira

                                                                                             Msc. em Administração Estratégica
Continuação...

A partir daí, as propriedades podem começar a introduzir determinadas tecnologias para neutralizar situações endógenas e exógenas que interferem de forma negativa no sistema produtivo. Conforme o fluxograma da figura 1, o próximo passo é avançar para o manejo estratégico que envolve ações que permitem melhorar o índice de prenhez. Exemplos:

a)      Separação das matrizes por lotes conforme tipo (primíparas, secundíparas etc). Esse procedimento permite lotar as vacas em pastos mais ou menos ricos de acordo com a necessidade nutricional dela.

b)      Ajustes no período da EM. Manipular a EM em 60 a 90 dias para frente ou para trás, adequar ao período de melhor oferta de alimento, ou adaptar a um evento fora da rotina tal como uma extensão do tempo seco, ou do tempo frio, podem trazer um percentual de prenhez superior permitindo ganhos adicionais. Além disso estruturar uma EM especial para as primíparas pode ser outra, ou melhor, mais uma forma de obter ganhos percentuais representativos no total da prenhez.

A próxima etapa seria portanto, conforme a figura 1, seria partir para ações no manejo nutricional através de suplementos, uma tecnologia baseada em insumos e portanto de custos mais elevados e portanto precisando de estrutura de base mais sustentável além de um acompanhamento rigoroso que permita avaliar no futuro os resultados obtidos. Pode-se aplicar nessa fase:

a)      Focar nas fases de pré e pós parto ofertando pastos melhorados. Essa opção depende de um planejamento anterior que permita ter pastos ou piquetes aguardando essa opção. No caso pode-se incluir um feno para melhorar ainda mais a condição, sem esquecer do sal proteinado, que melhora a digestibilidade e permite uma maior oferta de proteína mais escassa na matéria seca. Essa opção depende de fatores exógenos vinculados ao clima o que não garante que possa ser aplicada na forma mais adequada.


b)       Ofertar suplementação com concentrados. A depender do ECC (escore de condição corpórea) essa suplementação, pode ser excessivamente cara ou ainda não trazer os resultados esperados. Porém aplicado em estruturas sustentáveis podem permitir ganhos de 30%nas taxas de prenhez. Entende-se portanto, que aplicar de forma generalizada não é uma indicação nesse protocolo.

Na sequência, a pesquisa ainda traz alternativas viáveis para mais uma etapa de evolução nas taxas de prenhez que são ações no manejo fisiológico reprodutivo que podem favorecer a prenhez de matrizes que estão com problemas de anestro pós parto. Também não são baratas e precisam de um avaliação técnica das condições de ECC como também ginecológicas para que possa surtir o efeito esperado. Pode-se exemplificar com:

a)      Sincronização de cio:

b)      IATF ( inseminação artificial em tempo fixo)

c)       Desmame interrompido

d)      Bio estimulação pré entoure

Por fim a pesquisa sugere que como última e mais avançada alternativa, para dar sintonia ainda mais fina ao volume de prenhez, pode-se desenvolver um manejo tático e de contingencia. Aqui estamos falando do exemplo dado no início do texto sobre desmamam precoce. A pesquisa sugere a desmama precoce com:

a)      90/120dd para parte das matrizes ou para todas as matrizes

b)      60/70 dias para parte das matrizes ou para todas as matrizes

Em ambos os casos, o custo da suplementação do bezerro é muito elevado e pode comprometer o resultado se não houver uma resposta positiva à prenhez. Por isso deve-se selecionar criteriosamente as vacas que participaram do protocolo. Vale ressaltar que esse processo deve ser avaliado após o segundo ano, quando costuma ter melhores respostas ( em função da adaptação das vacas ao sistema).

Como pode-se perceber, as tecnologias são muitas, mas todas precisam e exigem precedentes para que sejam aplicadas com respostas positivas tal como esperado. Precedentes esses que podem ser relacionados em tópicos para tornar mais didático e o entendimento mais fácil. São elas:

a)      Conhecimento dos dados biológicos da propriedade.

b)      Conhecimento da amplitude do resultado tanto dando tudo 100% certo ou dando tudo 100% errado.

c)       Conhecer quantitativamente os riscos da aplicabilidade das tecnologias.

d)      Eliminar as vulnerabilidades operacionais e de estrutura que são endógenas ao sistema.

e)      Existência de recursos suficientes e de fluxo de caixa correspondente ás necessidades.

Assim os riscos diminuem muito e o aprendizado para implantação progressiva de tecnologias passa a ser uma rotina nas organizações rurais. Não respeitar as pré condições pode representar um risco mais elevado do que a não aplicação das tecnologias.


 Bibliografia:

BARCELLOS, J.O.J.;OIAGEN, R.P.; CHRISTOFARI,L.F. GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA: PECUÁRIA DE CRIA. Arch. Latinoam. Prod. Anim. Vol. 15 (Supl. 1) 2007 XX Reunión ALPA, XXX Reunión APPA-Cusco-Perú
 
COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. Estudo da competitividade da indústria brasileira. 2.ed. Campinas: Papirus, 1994. 510p.

LAZZAROTO, J.; SCHMITT,R.; ROESSING,A. A competitividade da cadeia produtiva da carne bovina. Universidade Federal de Viçosa.

PORTER, M. E. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance. New York: Free Press, 1985. p.1-30.

Nenhum comentário:

Postar um comentário