sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

MELHORAMENTO GENÉTICO – UMA FERRAMENTA DE QUALIDADE E EFICIENCIA NA PRODUÇÃO

                                                                                  Adriana Calmon de Brito Pedreira

                                                                                         MSc. em Administração Estratégica

 

Melhoramento animal é uma prática realizada desde os primórdios da humanidade a partir do momento que o homem descobriu a possibilidade de domesticar os animais. Tendo os animais mais próximos de si por um período de tempo maior, tornou-se possível a observação do comportamento, das características físicas e emocionais, como nasciam seus descendentes etc.

Trabalhar as aptidões desejadas passou a ser uma prática intuitiva e observatória, sem nenhuma base cientifica ou garantias, mas a consciência de que a escolha dos animais que seriam os pais da próxima geração existia e estava sendo praticada.

Selecionar reprodutores e matrizes para serem a base genética de um plantel é permitir que esses escolhidos contribuam de forma diferenciada com o patrimônio genético da próxima geração, deixando mais exemplares de seus genes alterando assim a chamada frequência genética do rebanho, como bem dizem Eler e Ferraz, 2010.

Quando se pensa em melhoramento genético, deve-se imediatamente remeter a duas questões: seleção e sistema de acasalamento. A seleção é a escolha dos animais que pela sua união formarão a próxima geração. O sistema de acasalamento consiste na forma como este processo acontecerá: se por via de monta natural, inseminação, quantidade de touros por vaca, quais touros com quais vacas etc.

Mas ainda assim fica a dúvida ou o questionamento: Como fazer essa seleção de maneira adequada para os objetivos da propriedade?

Primeiramente deve-se entender que o potencial genético de um animal, ou o seu fenótipo, é expresso não apenas pelas características do material genético, chamado de genótipo, mas também por interferência do meio ambiente como é demonstrado na figura abaixo.

                           FIGURA 1: O que condiciona o desempenho dos animais
                           Fonte: Pires,Alexandre Vaz. Bovinocultura de Corte. Volume II 2010 FEALQ 
 
Sendo assim é importante reforçar que as avaliações genéticas que expressam o valor genético aditivo de um animal (parte do genótipo desse animal), estimam um percentual de tendências genéticas com determinado nível de acurácia, mas que nunca poderão garantir a certeza do resultado a ser obtido.
Além das questões biológicas indecifráveis, como foi dito acima o ambiente interfere na demonstração das características desejadas O que quer-se dizer, é que nutrição e manejo irão interferir fortemente nessa expressão genética. Um animal terá grandes dificuldades em transmitir sua fertilidade por exemplo, se as condições nutricionais estiverem aquém das suas necessidades, se o manejo sanitário não estiver regular ou ainda se as condições climáticas estiverem muito fora do padrão normal.
Através das Diferenças Esperadas na Progênie (DEP´s), que são medidas da interferência do valor genético aditivo, os produtores podem escolher animais de acordo com seus objetivos específicos, pois elas (as DEP´S), são calculadas para vários critérios que envolvem:
a)      Peso ao nascer
b)      Peso aos 120 dd
c)       Peso na desmama
d)      Peso aos 12 meses
e)      Perímetro escrotal
f)       Peso aos 18 meses
g)      Altura aos 18 meses probabilidade de prenhez de novilhas
h)      Precocidade e musculosidade
i)        Altura de umbigo
É importante frisar nesse contexto de melhoramento constante da genética do plantel, onde a cada estação de monta se busca ganhar maior aderência aos objetivos propostos pela organização, que existe o chamado limite de seleção, que expressa os efeitos colaterais da seleção.
Esses efeitos podem estar vinculados a outras características genéticas não importantes e não levadas em consideração nos acasalamentos, por não estarem vinculadas ao objetivo principal, mas que no acúmulo de várias gerações podem trazer resultados indesejáveis.
Pesquisa realizada* em gado de leite da raça holandesa provou que um excesso de apuramento no item proteína e gordura geraram ao longo de algumas gerações uma queda no índice de reprodução, trazendo a média de fertilização para 20%, ou seja, 5 doses para uma prenhez!
Assim, cabe a ressalva, que a natureza é sabia e que o nosso poder de interferência ainda é limitado, porém, recursos e técnicas existentes podem aprimorar a produção, desde que usados com maestria, excelência e principalmente bom senso.
 
*Efeitos colaterais da Genética de alta produção: www.milkpoint.com.br/?actA=9&erro=1&arealD=73&referenciaURL=noticiaID= 42598llactA=7llrealD=61llsecaoID=171
 
Bibliografia:
PIRES, Alexandre Vaz. Bovinocultura de Corte. Volume II. Piracicaba. FEALQ,2010.
 
 
 

 

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