quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE EM PASTAGENS / III - INTEGRAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA

Este é o terceiro e último texto sobre a produção de gado de corte.
Os dois primeiros falaram do uso intensivo da tecnologia e do planejamento estratégico.
Se não leu estes dois temas anteriores é só procura-los nas nossa postagens anteriores e você terá a série completa do tema PRODUÇAO DE GADO DE CORTE EM PASTAGENS.
 
O terceiro tópico dessa série de análise acerca de condicionantes para uma boa produção a pasto se refere à integração da cadeia produtiva. Importante explicar que entende-se por cadeia produtiva o conjunto de setores que envolve a produção de algum produto ou serviço. Aqui nesse texto nosso foco é a cadeia da bovinocultura de corte.
Três setores específicos fazem parte dessa cadeia. São eles:
a)      Setor a montante – antes da porteira: Engloba a indústria de insumos, máquinas, equipamentos, comercio de animais, de sêmen e de embriões.
b)      Setor biológico – dentro da porteira: São as atividades desenvolvidas dentro da propriedade rural, compreendida como as atividades de cria, recria e engorda dos bovinos.
c)       Setor a jusante – depois da porteira: São as atividades desenvolvidas pelos frigoríficos, matadouros, indústria do couro, indústria química e farmacêutica.
Para que o produto carne (Sim! Não esqueça que bovinocultura de corte produz CARNE), chegue ao consumidor da forma que ele deseja, deve haver uma preparação desde os insumos ofertados que são produzidos no primeiro setor componente dessa cadeia. A preocupação com o produto final deve vir acompanhando o desenvolvimento e evolução do produto ao longo do seu processo produtivo. Isso chama-se integração da cadeia.
Integrar a cadeia passa por entender que se qualquer um dos setores tirar o foco da qualidade da carne ofertada na prateleira do varejo, todos os componentes da cadeia produtiva estarão sendo prejudicados de alguma forma no médio e longo prazo. Um lote de bezerros desqualificados geneticamente por exemplo, pode interferir, no futuro na decisão de compra do cliente por um Kg de frango e não por um Kg de carne, que um país opte por importar carne de outro ao invés de importar carne do Brasil e assim por diante.
Promover essa integração é o X da questão, mas passa por entender que gestão é sistêmica não só no universo interno da organização, mas também sistêmica nas relações externas. A dependência que a cadeia da carne tem da produção de bezerros qualificados é total e essa responsabilidade cai de fato no ombro do pecuarista que desenvolve a atividade de cria.
Talvez por esse fato, essa seja a atividade mais trabalhosa e mais custosa, o que não implica na menos rentável diga-se de passagem! Produzir bezerros em quantidade e qualificados exige uma atenção nos insumos a serem utilizados, no sêmen, na saúde da matriz, nos cuidados com a amamentação.
No Brasil, antes de pensar na qualidade diferenciada, ainda há uma preocupação com a quantidade produzida, pois a instabilidade do sistema, do clima, do uso de recursos produtivos e de tecnologia, muitas vezes obriga o produtor a diminuir seu plantel de matrizes, ou diminuindo a eficiência reprodutiva, contribuindo de forma negativa os resultados futuros de toda a cadeia.
Todos esses entraves dificultam a integração da cadeia principalmente dentro do setor biológico, onde nem sempre o criador consegue fornecer um produto (bezerro) de boa qualidade para os recriadores e invernistas. Ocorre também, por falta de uso de recursos tecnológicos já disponíveis, o recriador não conseguir explorar todo o potencial de um bezerro de qualidade diferenciada, atrasando o desenvolvimento do processo de engorda e ofertando entraves ao crescimento do setor e desenvolvimento da cadeia.
Assim, a observação do momento em relação a cadeia da carne é de ajuste a uma situação de abertura de mercado e por consequência de busca por competitividade. Produção mais acelerada, mais intensificada e com custos unitários menores conquistados pelo poder de produção em escala.
Ainda dentro desse enfoque de cadeia produtiva eficiente e interligada, pode-se observar o surgimento de algumas alianças mercadológicas entre criadores e invernistas, entre invernistas e frigoríficos, entre invernistas e vendedores de varejo, tudo em busca de uma produção maior e de melhor qualidade que traga mais rentabilidade e crescimento consistente da cadeia como um todo.
Adriana Calmon de Brito Pedreira
MSc. em Administração Estratégica
 

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