sexta-feira, 25 de outubro de 2013

ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA. Parte 2

Continuação do artigo publicado na postagem anterior.

Ameaça de produtos substitutos:

Produtos que o consumidor pode adquirir em substituição à carne bovina, podem ser considerados uma ameaça a competitividade do setor. Frango, suíno, ovino, caprino, peixe e até a soja, são produtos que podem suprir a necessidade de proteína animal do ser humano. Nesse caso, se apresentam uma relação custo benefício maior para o consumidor, pode-se ter risco de diminuição no consumo de carne bovina.
As ações das empresas para diminuírem o efeito do produto substituto, passam por oferecer um produto de melhor qualidade, de acordo com as exigências do consumidor, por um preço competitivo (através de redução de custo unitário e economias de escala), e por uma articulação da cadeia tal como existe hoje na produção de frango*¹. Campanhas incentivando o consumo, esclarecendo os benefícios ajudam bastante na formação da opinião do consumidor.

Poder de negociação dos clientes:

Quanto maior o poder que o cliente tiver em interferir no preço ou na negociação comercial do produto, menor será a competitividade da empresa. O volume de clientes pode interferir nesse poder, pois se ele for reduzido ou concentrado, qualquer alteração na sua perspectiva de compra diminui a capacidade da empresa negociar, dessa forma, ter na carteira uma diversidade de clientes em termos de volume e frequência de vendas melhora para a organização a capacidade de negociar.
Da mesma forma, se o seu produto representa um volume elevado nos custos do seu cliente, ele terá uma tendência de buscar sempre uma negociação mais favorável a diminuir esse custo. Nesse caso, para reduzir esse risco, ou esse poder de barganha dos clientes, a empresa pode buscar diferenciar o produto como já foi sugerido anteriormente inclusive através da criação de valor agregado ao produto que dificultem a mudança de fornecedor por parte dos clientes.

Poder de negociação dos fornecedores:

Fornecedores de insumos, matéria prima e equipamentos, dentre outros itens necessários a uma propriedade rural, podem exercer forte influência nos custos e nos modelos operacionais das organizações. Alguns motivos que levam a um elevado poder são estruturais do mercado e que não dependem da ação do produtor, o que não quer dizer que estrategicamente não se possa driblar essa condição. Um exemplo é o número de fornecedores existentes no mercado, que quanto mais reduzido, maior o poder que eles têm na negociação.
Outra situação estrutural que favorece ao fornecedor na negociação de compras é a ausência de produtos substitutos no mercado, que impede a organização produtor pode concentrar suas compras num fornecedor.
Para fugir dessa dependência ou dessa situação de refém, o produtor pode concentrar suas compras em poucos fornecedores de forma a ser grande, volumoso e representativo para ele (fornecedor), trocando o lado da força que deixa de ser do fornecedor para ser do cliente (produtor).
Concluindo, observa-se na análise de competitividade da indústria, baseada no modelo de Porter que o produtor precisa essencialmente trabalhar na propriedade em busca de ganhos em produtividade, ganhos em escala e diferenciação dentre outras ações específicas.
Essa tarefa só poderá ser efetivada através da profissionalização das organizações, da utilização de tecnologia e da qualificação da mão de obra de forma essencial.
Desenhar sua análise própria e construir as estratégias e planos de ação baseado nesse contexto poderá indicar melhorias consideráveis nos resultados operacionais e financeiros.

*¹ A cadeia do frango desenvolveu sistema de produção integrado, cortes selecionados, embalagem qualificada e distribuição diversificada.

Adriana Calmon de Brito Pedreira
Msc. em Administração Estratégica


ANSOFF, H. I.; ROGER, P. D.; ROBERT, L. H. Do planejamento estratégico à administração estratégica. São Paulo: Atlas, 1981. p.50.
COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. Estudo da competitividade da indústria brasileira. 2.ed. Campinas: Papirus, 1994. 510p.


LAZZAROTO, J.; SCHMITT,R.; ROESSING,A. A competitividade da cadeia produtiva da carne bovina. Universidade Federal de Viçosa.
PORTER, M. E. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance. New York: Free Press, 1985. p.1-30.

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