Já é um fato muito conhecido dos antropólogos que a
introdução de alimentos de origem animal foi fundamental para evolução humana.
Alguns estudiosos defendem ainda que o desenvolvimento do processo de cozimento
da carne foi essencial para o desenvolvimento do cérebro avantajado do Homo sapiens, uma vez que isso tornou a
carne mais macia e fácil de digerir.
Durante muito tempo,
até o homem começar a desenvolver a agricultura e abandonar sua característica
nômade, mais da metade das calorias da dieta humana provinha de alimentos
fontes de proteína. Esses dados vem fazendo muitos nutricionistas repensarem se
existiria um prejuízo tão grande de fato em uma dieta hiper proteica, como muito
tempo se pensou. Hoje muitos estudos vem mostrando que a ingestão de
carboidratos e gorduras de forma elevada sem a prática de exercícios físicos é
mais prejudicial do que a ingestão elevada de proteínas, principalmente se essa
ingestão de proteínas a mais, é acompanhada de exercício físico. Além disso, já
existem estudos que mostram que a ingestão de proteínas não afeta a função
renal de forma tão prejudicial como muito tempo se pensou, salvo exceções dos
indivíduos que apresentam problemas prévios nesse órgão. Apesar das proteínas oferecerem um quantidade de calorias muito semelhantes aos carboidratos, elas também vem sendo muito usadas não só em estratégias para ganho de massa em atletas como também na perda de peso, uma vez que oferecem mais saciedade por apresentarem uma digestão mais lenta. Muitos nutricionistas recomendam que as carnes, excelentes fontes de proteínas de alto valor biológico, devem compor pelo menos duas das seis ou sete refeições diárias recomendadas para um indivíduo.
Como tudo em nossa alimentação (e em nossas vida), o ideal é
manter o equilíbrio, e isso significa manter o consumo moderado de todos os
alimentos, inclusive das carnes, na nossa dieta.
Mas as carnes vermelhas? Onde elas se encaixam em tudo isso?
A cor vermelha da
carne do boi é gerada pela presença de
mioglobina, proteína que transporta oxigênio para os músculos. É fato que a
carne vermelha contém mais gordura saturada e colesterol que as carnes brancas,
mas nem por isso ela deixam de ter nutrientes importantes para nossa saúde.A carne do boi tem uma grande quantidade e variedade de nutrientes essenciais para o desenvolvimento, contém aminoácidos importantes e é um alimento riquíssimo em ferro, e por isso é recomendada para prevenir anemia, principalmente em crianças, gestantes e idosos. A deficiência desse mineral prejudica o transporte de oxigênio no sangue. O zinco também está presente na carne vermelha e é um mineral muito importante para nosso sistema imunológico, regulação hormonal e saúde da pele.
A carne vermelha contém ainda uma boa quantidade de
vitaminas do complexo B, que ajudam na formação do DNA e na saúde neurológica.
Um vitamina desse complexo que está presente em na carne é a B12. Essa
vitamina, assim como o ácido fólico, é essencial para fabricação de células
vermelhas e a deficiência destas, pode comprometer desempenho aeróbio. A redução
desse desempenho trará muitos malefícios, entre eles a redução do uso gorduras
no desempenho de nossas atividades, favorecendo o ganho de peso.
Existe ainda outro argumento mostrando que a retirada da
carne vermelha da dieta visando a redução de gordura pode não ser uma
estratégia tão eficiente. A exclusão de carne vermelha muitas vezes leva o
indivíduo a ingerir uma maior quantidade de carboidratos, em especial os
carboidratos simples, que geram picos de insulina no organismo. Esse pico de
insulina é responsável pela lipogênese, processo de conversão de glicose
(presente nos carboidratos) em triglicerídeos, gorduras que serão armazenada no
corpo. Os picos de insulina também podem acarretar em diabetes, uma das doenças
que mais cresce no mundo atual.A carne, por apresentar digestão lenta,
contribui para redução nesses picos de insulina.
Em se tratando da
questão do colesterol, é claro que pessoas com tendência a colesterol ruim devem
sempre fazer acompanhamento nutricional e estar mais atentos a alimentação, mas
convém lembrar que muitos profissionais da saúde concordam que o colesterol é
na verdade, muito mais influenciado por fatores genéticos do que quaisquer
outros. O que não reduz a necessidade de indivíduos que apresentem esse quadro
estarem atentos a alimentação.
Quando nos questionamos como proceder em relação a carne
vermelha na dieta, a resposta acaba sendo um velho clichê: alimentação é
equilíbrio. A carne vermelha pode e deve ser incluída na dieta pois, apesar de
conter alguns pontos negativos, como todo alimento, ela traz benefícios muito
mais significativos para nossa saúde, além de um sabor único e agradável para nossa
espécie, a qual está acostumada a ingeri-la há mais de dois milhões de anos.
E, sem dúvida, nossa saúde alimentar inclui também ouvir,
com sabedoria, as demandas do nosso paladar.
Manuela Pedreira. Graduanda em Nutrição pela UFBA
Fontes: REVISTA SCIENTIFIC AMEERICAN BRASIL, Outubro de
2013.
Valor
nutricional da carne bovina e suas implicações para a saúde humana /
Sérgio
Raposo de Medeiros — Campo Grande, MS : Embrapa Gado de Corte, 2008
Blogs de nutricionistas: http://rodolfoperes.com.br/
http://www.frangocombatatadoce.com/2013/10/28/como-otimizar-a-perda-de-gordura-parte-3-vitamina-b12/
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