Adriana Calmon de Brito Pedreira
Msc.
em Administração Estratégica
Na qualidade de professora que fui até 2013, recebi alguns livros das
editoras para fazer avaliação de conteúdo, apresentação e eficácia do material
do ponto de vista didático etc. Dentre eles recebi um exemplar que na primeira
folheada, me pareceu quase que livro de auto ajuda. Logo percebi que se tratava
de um compacto com orientações rápidas sobre sessenta modelos de gestão.
Exatamente, 60!
Lendo com mais calma e atenção compreendi que um resumo básico e
rápido desses sessenta modelos (estratégicos, gerenciais e operacionais)
mostrava-se ser um material de grande importância para os gestores, pois
permitiria uma visão ampla de alternativas para melhorar o desempenho de suas
empresas.
Aqui e agora a proposta é que nos próximos dias compartilhemos alguns
modelos trazendo a teoria para a realidade da pecuária. Imagino que será
produtivo e iremos começar pelo Modelo de Crescimento de Greiner (MCG).
O MCG é um modelo estratégico de gestão e deve ser utilizado para
ajudar a identificar problemas comuns (e suas causas) em empresas que estão em
rápido desenvolvimento. Em função da velocidade no crescimento, identificar e
tornar possível antecipar os problemas antes mesmo que eles ocorram é de grande
importância.
Não é comum uma fazenda ter um crescimento veloz, porém quando
injetamos capital proveniente muitas vezes de um financiamento, as coisas de
fato acontecem rápido e é importante ter esse crescimento bem controlado, pois
em breve o prazo de carência do pagamento acaba e as prestações do
financiamento começarão a cair na conta, e se o crescimento não estiver sido
bem administrado, as coisas podem ficar bem mais difíceis.
O modelo passa por identificar seis fases comuns que as empresas
passam na situação de crescimento veloz, sabendo que em todas essas fases a
empresa passa por um período de evolução inicial, crescimento constante e
estabilidade, passando então por um período de turbulência e mudança
organizacional. A depender da forma como é resolvido o período de turbulência e
de como as mudanças foram direcionadas, a empresa passará ou não para a próxima
fase de crescimento evolutivo.
As fases identificadas por Greiner podem ser identificadas na Figura
abaixo:
Figura 1: As Fases de Crescimento de Greiner
Fonte: Modelos de Gestão, 2ªedição,2010
Essas seis fases determinam necessidades e realidades internas
diferentes, por isso elas apontam que mudanças de estilo na gestão, na
estrutura organizacional e nos mecanismos de coordenação e controle também são
diferentes em cada uma delas e portanto necessário e determinante os ajustes
para o crescimento.
As fases podem ser assim descritas:
Fase 1: Criatividade
Nessa fase a ênfase está de fato na criação de um produto e no seu
mercado. Caso já seja um produto existente, como no caso da pecuária, seria a
definição do que produzir e para quem fornecer.
Nesse momento os fundadores estão no comando, estão tecnicamente
orientados e estão concentrados no produto. Além disso desenvolvem uma
comunicação interna bem informal. O
retorno em salários ainda é modesto, mas a prosperidade é esperada.
À medida que cresce, a propriedade vai se tornando mais complexa e os
proprietários precisam dar conta da gestão, dos controles e começam a precisar
delegar funções operacionais. Quando se trata de mais de um sócio ou
proprietários surgem as primeiras crises vinculadas a liderança. É necessário
definir quem será o gestor.
Fase 2: Direção
Vencida a primeira dificuldade de ter um gestor que coloque a
organização no eixo e dê sentido de liderança e obediência, a organização
cresce e avança para a fase 2 que possui algumas características bem marcantes
tais como: estrutura organizacional que funciona efetivamente assim como a
contabilidade e a gestão de capital. Há orçamentos e padrões de trabalho assim
como a comunicação e a hierarquia apresenta maior formalidade através de uma
gestão diretiva de cima para baixo.
Conforme cresce a organização torna-se mais complexa e a alta gerência
não dá conta de toda a estrutura gerando assim uma nova crise- a crise de
autonomia. Para solucionar esse empasse a medida adotada deve ser a delegação.
Fase 3: Delegação
Nessa fase a delegação é uma realidade e a estrutura organizacional,
portanto é descentralizada. Existe também nesse contexto uma responsabilidade
operacional e mercadológica em forma de compromissos com qualidade e índices.
Também já é incorporado na empresa centros de lucros (quando há mais de uma
atividade produtiva), além de incentivos financeiros.
Nesse momento se observa um elevado crescimento. A partir daí os
proprietários já observam algum descontrole e um grau de descentralização e
autonomia excessiva, fazendo com que a organização sega sem controles e
direcionamentos efetivos.
É chegada a hora de implantar sistema de coordenação e não
necessariamente de controles.
Fase 4: Coordenação
Quando a fase da delegação é vencida, a empresa segue crescendo na
fase da coordenação, na qual há u revisão completa do planejamento formal, da
estrutura organizacional, das linhas de comando, dos processos e atividades por
cargo. Nesse contexto já se pode cobrar retorno sobre os investimentos de cada
setor e obviamente desenvolver programas motivacionais que contemplem
desenvolvimento humano.
Pode e tende porém a que estabilizada esta fase, surjam crises
vinculadas à rigidez dos processos e dos métodos gerando burocracias
desnecessárias, excesso de vigilância e as regras passam a tomar sentido de
objetivo e não de meio, ou seja a propriedade pode entrar na crise da
burocracia.
Para isso é necessário permitir maior flexibilidade e maior agilidade
nas ações e procedimentos.
Fase 5: Colaboração
Essa fase se caracteriza por uma preocupação em descentralizar a equipe
e desenvolver grupos para atividades especificas –força tarefas. Muitas
empresas adotam uma estrutura matricial, simplificando ainda mais os mecanismos
de controle, treinando melhor a equipe e desenvolvendo sistemas de informação
mais eficientes.
Aqui podem surgir problemas de crescimento interno que só se
resolverão através de alianças ou de verticalização. Não é muito comum na
pecuária de médio porte, mas muitas vezes acontece na pecuária de grande porte
ou na agricultura.
Fase 6: Alianças
As organizações tentam crescer através de fusões, alianças ou ainda criação
de holdings.
Apesar de muitas propriedades não evoluírem nesses termos ou nessa
velocidade ou ainda nesse modelo, identificar gargalos que podem existir em
cada uma das fases de crescimento e evolução de uma empresa é muito importante.
A forma de utilizar esse modelo é em primeira linha identificando em que fase a
propriedade se encontra e em que período de cada fase ela está (crescimento ou
próximo de uma crise). Depois, é observar a transição que está por vir e se
preparar para ela. Daí já existe uma indicação do que fazer para antecipar as
soluções.
Fontes de consulta:
ASSEM,
Marcel van. BERG, Gerben van den. PIETERSMA, Paul. Modelos de Gestão. 2ª
edição – São Paulo: Pearson Prentice Hall,2010.
PIRES, A.V. Bovinocultura de Corte. Piracicaba: FEALQ, 2010. 1510p.
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