terça-feira, 15 de setembro de 2015

MODELO DE CRESCIMENTO DE GREINER


                                                                                                    Adriana Calmon de Brito Pedreira

                                                                                             Msc. em Administração Estratégica

Na qualidade de professora que fui até 2013, recebi alguns livros das editoras para fazer avaliação de conteúdo, apresentação e eficácia do material do ponto de vista didático etc. Dentre eles recebi um exemplar que na primeira folheada, me pareceu quase que livro de auto ajuda. Logo percebi que se tratava de um compacto com orientações rápidas sobre sessenta modelos de gestão. Exatamente, 60!

Lendo com mais calma e atenção compreendi que um resumo básico e rápido desses sessenta modelos (estratégicos, gerenciais e operacionais) mostrava-se ser um material de grande importância para os gestores, pois permitiria uma visão ampla de alternativas para melhorar o desempenho de suas empresas.

Aqui e agora a proposta é que nos próximos dias compartilhemos alguns modelos trazendo a teoria para a realidade da pecuária. Imagino que será produtivo e iremos começar pelo Modelo de Crescimento de Greiner (MCG).

O MCG é um modelo estratégico de gestão e deve ser utilizado para ajudar a identificar problemas comuns (e suas causas) em empresas que estão em rápido desenvolvimento. Em função da velocidade no crescimento, identificar e tornar possível antecipar os problemas antes mesmo que eles ocorram é de grande importância.

Não é comum uma fazenda ter um crescimento veloz, porém quando injetamos capital proveniente muitas vezes de um financiamento, as coisas de fato acontecem rápido e é importante ter esse crescimento bem controlado, pois em breve o prazo de carência do pagamento acaba e as prestações do financiamento começarão a cair na conta, e se o crescimento não estiver sido bem administrado, as coisas podem ficar bem mais difíceis.

O modelo passa por identificar seis fases comuns que as empresas passam na situação de crescimento veloz, sabendo que em todas essas fases a empresa passa por um período de evolução inicial, crescimento constante e estabilidade, passando então por um período de turbulência e mudança organizacional. A depender da forma como é resolvido o período de turbulência e de como as mudanças foram direcionadas, a empresa passará ou não para a próxima fase de crescimento evolutivo.

As fases identificadas por Greiner podem ser identificadas na Figura abaixo:
                                                                                                     
Figura 1: As Fases de Crescimento de Greiner

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Modelos de Gestão, 2ªedição,2010

Essas seis fases determinam necessidades e realidades internas diferentes, por isso elas apontam que mudanças de estilo na gestão, na estrutura organizacional e nos mecanismos de coordenação e controle também são diferentes em cada uma delas e portanto necessário e determinante os ajustes para o crescimento.

As fases podem ser assim descritas:

Fase 1: Criatividade

Nessa fase a ênfase está de fato na criação de um produto e no seu mercado. Caso já seja um produto existente, como no caso da pecuária, seria a definição do que produzir e para quem fornecer.

Nesse momento os fundadores estão no comando, estão tecnicamente orientados e estão concentrados no produto. Além disso desenvolvem uma comunicação interna bem informal.  O retorno em salários ainda é modesto, mas a prosperidade é esperada.

À medida que cresce, a propriedade vai se tornando mais complexa e os proprietários precisam dar conta da gestão, dos controles e começam a precisar delegar funções operacionais. Quando se trata de mais de um sócio ou proprietários surgem as primeiras crises vinculadas a liderança. É necessário definir quem será o gestor.


Fase 2: Direção

Vencida a primeira dificuldade de ter um gestor que coloque a organização no eixo e dê sentido de liderança e obediência, a organização cresce e avança para a fase 2 que possui algumas características bem marcantes tais como: estrutura organizacional que funciona efetivamente assim como a contabilidade e a gestão de capital. Há orçamentos e padrões de trabalho assim como a comunicação e a hierarquia apresenta maior formalidade através de uma gestão diretiva de cima para baixo.

Conforme cresce a organização torna-se mais complexa e a alta gerência não dá conta de toda a estrutura gerando assim uma nova crise- a crise de autonomia. Para solucionar esse empasse a medida adotada deve ser a delegação.


Fase 3: Delegação

Nessa fase a delegação é uma realidade e a estrutura organizacional, portanto é descentralizada. Existe também nesse contexto uma responsabilidade operacional e mercadológica em forma de compromissos com qualidade e índices. Também já é incorporado na empresa centros de lucros (quando há mais de uma atividade produtiva), além de incentivos financeiros.

Nesse momento se observa um elevado crescimento. A partir daí os proprietários já observam algum descontrole e um grau de descentralização e autonomia excessiva, fazendo com que a organização sega sem controles e direcionamentos efetivos.

É chegada a hora de implantar sistema de coordenação e não necessariamente de controles.


Fase 4: Coordenação

Quando a fase da delegação é vencida, a empresa segue crescendo na fase da coordenação, na qual há u revisão completa do planejamento formal, da estrutura organizacional, das linhas de comando, dos processos e atividades por cargo. Nesse contexto já se pode cobrar retorno sobre os investimentos de cada setor e obviamente desenvolver programas motivacionais que contemplem desenvolvimento humano.

Pode e tende porém a que estabilizada esta fase, surjam crises vinculadas à rigidez dos processos e dos métodos gerando burocracias desnecessárias, excesso de vigilância e as regras passam a tomar sentido de objetivo e não de meio, ou seja a propriedade pode entrar na crise da burocracia.

Para isso é necessário permitir maior flexibilidade e maior agilidade nas ações e procedimentos.

 
Fase 5: Colaboração

Essa fase se caracteriza por uma preocupação em descentralizar a equipe e desenvolver grupos para atividades especificas –força tarefas. Muitas empresas adotam uma estrutura matricial, simplificando ainda mais os mecanismos de controle, treinando melhor a equipe e desenvolvendo sistemas de informação mais eficientes.

Aqui podem surgir problemas de crescimento interno que só se resolverão através de alianças ou de verticalização. Não é muito comum na pecuária de médio porte, mas muitas vezes acontece na pecuária de grande porte ou na agricultura.


Fase 6: Alianças

As organizações tentam crescer através de fusões, alianças ou ainda criação de holdings.
 

Apesar de muitas propriedades não evoluírem nesses termos ou nessa velocidade ou ainda nesse modelo, identificar gargalos que podem existir em cada uma das fases de crescimento e evolução de uma empresa é muito importante. A forma de utilizar esse modelo é em primeira linha identificando em que fase a propriedade se encontra e em que período de cada fase ela está (crescimento ou próximo de uma crise). Depois, é observar a transição que está por vir e se preparar para ela. Daí já existe uma indicação do que fazer para antecipar as soluções.


Fontes de consulta:

ASSEM, Marcel van. BERG, Gerben van den. PIETERSMA, Paul. Modelos de Gestão. 2ª edição – São Paulo: Pearson Prentice Hall,2010.

PIRES, A.V. Bovinocultura de Corte. Piracicaba: FEALQ, 2010. 1510p.

 

 

 

 

 

 
 

 

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