quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PRODUÇÃO DE GADO DE CORTE – DESAFIOS PARA TODA A CADEIA


Transformações intensas marcaram a pecuária de corte na última década. As mudanças econômicas e sociais do país permitiram de fato uma maior distribuição de renda e o consumo de carne bovina. Na mesma via de crescimento, as propriedades ampliaram a utilização de tecnologias na área de produção o que efetivamente permitiu ganhos representativos não só em volume, mas também em produtividade.
Entende-se por sistema de produção de gado o conjunto de tecnologias e práticas de manejo, bem como o tipo de animal, a raça, a eco região e o propósito da criação.  A maneira escolhida para se produzir os animais portanto, interfere diretamente na qualidade da carne que é ofertada aos consumidores nas gôndolas dos supermercados ou nos açougues e casas de carne dos bairros.
Torna-se evidente nesse propósito, que a escolha pelo sistema produtivo a ser adotado não depende única e exclusivamente da vontade do produtor, mas muito em função das condições sócio, econômicas e culturais da região onde está estabelecida a propriedade, da sua capacidade de promover investimentos e também, só para reforçar das demandas do mercado consumidor.
É sabido que uma série de fatores externos e internos aos quais os animais são impostos durante sua vida interferem de forma marcante na qualidade da carne bem como na aceitação dessa no mercado. Visando essa maior aceitação e exigência do mercado o varejo passou a exigir dos frigoríficos uma carne mais macia, suculenta e de cor vermelha.
Para atender a essa demanda e a essa exigência, os frigoríficos passaram a bola para os produtores, exigindo deles o fornecimento de animais mais jovens e com bom acabamento. Essa condição permite uma oferta de carne com qualidades visuais, gustativa e nutricionais adequadas àquelas solicitações além de promover segurança sanitária do alimento.
Essas condições já vêm sendo exigidas pelos consumidores internos com alguma frequência, mas como prioridade e condição necessária pelo público externo ampliando assim outros itens que passam a ser necessários que os produtores estejam atentos no que cerne a capacidade ou estar apto a comercializar para países estrangeiros. São elas: preço – precisam estar mais baixos que os praticados no mercado que se pretende atingir; embalagem - que deve proteger o produto e dar ele condições de se tornar mais atraente; atendimento ao consumidor – no caso de produtos exportados é determinante que haja um atendimento que proporcione garantias, instruções, informações além de atender eventuais reclamações.
Na tentativa de atender a essas demandas, tanto internas quanto externas, os diversos setores da cadeia produtiva estão precisando estabelecer novos paradigmas, inovando e principalmente aprendendo a empregar tecnologias em produção e em gestão nos seus diversos elos individualmente mas também precisa ter uma visão holística da cadeia em geral (as partes não podem ser vistas separas do todo, pois o todo é mais que a soma das partes).
Nesse cenário, a competitividade ganha um espaço fundamental nos processos de produção e comercialização da carne bovina. Um dos itens que intensifica essa necessidade de se tornar competitivo é a questão da oferta descontínua.  Safras e entre safras precisam ser menos diferenciadas.
Somente uma integração da cadeia produtiva, envolvendo os criadores de diferentes fases da bovinocultura, os setores de logística, os frigoríficos e os pontos comerciais, além das instituições de créditos, fornecedores de insumos e governo, dentre outros, poderá ser capaz de “atingir os objetivos de disponibilizar, com regularidade, produtos de qualidade de forma competitiva e que estejam alinhados com as exigências modernas de sustentabilidade e equidade social”, como afirma Pires 2010.
O sucesso da pecuária portanto, está relacionado com a viabilidade dela ser conduzida dentro dessa perspectiva ampla de visão de cadeia e grande parte desse sucesso poderá ser alcançado através da adequação do trinômio genótipo-ambiente-mercado.
Concluindo então, vale observar que entenda-se como genótipo o tipo de animal a ser utilizado, raça ou grupo genético. Como ambiente um espaço que vai além da climatologia e solo, mas envolvendo fatores sócio culturais, capacidade de mão de obra, infraestrutura e outros. Por fim o mercado que além de preço e distribuição deve observar as características organolépticas e sanitárias da carne.


Adriana Calmon de Brito Pedreira
Msc. em Administração Estratégica

Fontes de consulta:
EUCLIDES FILHO, K. INTERAÇÃO GENÓTIPO-AMBIENTE-MERCADO NA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINO NOS TRÓÍCOS.  Disponível em  http://simcorte.com/index/Palestras/s_simcorte/07_kepler.PDF . Visitado em 11/08/2015

 
PIRES, A.V. Bovinocultura de Corte. Piracicaba: FEALQ, 2010. 1510p.

LAZZAROTO, J.; SCHMITT,R.; ROESSING,A. A competitividade da cadeia produtiva da carne bovina. Universidade Federal de Viçosa.

 

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