TECNOLOGIA – GESTÃO, PRÁTICA E EFICIÊNCIA NA FASE DE CRIA
Adriana Calmon de Brito Pedreira
Msc.
em Administração Estratégica
Continuação...
A partir daí, as propriedades
podem começar a introduzir determinadas tecnologias para neutralizar situações
endógenas e exógenas que interferem de forma negativa no sistema produtivo. Conforme
o fluxograma da figura 1, o próximo passo é avançar para o manejo estratégico
que envolve ações que permitem melhorar o índice de prenhez. Exemplos:
a) Separação
das matrizes por lotes conforme tipo (primíparas, secundíparas etc). Esse
procedimento permite lotar as vacas em pastos mais ou menos ricos de acordo com
a necessidade nutricional dela.
b) Ajustes
no período da EM. Manipular a EM em 60 a 90 dias para frente ou para trás,
adequar ao período de melhor oferta de alimento, ou adaptar a um evento fora da
rotina tal como uma extensão do tempo seco, ou do tempo frio, podem trazer um
percentual de prenhez superior permitindo ganhos adicionais. Além disso
estruturar uma EM especial para as primíparas pode ser outra, ou melhor, mais
uma forma de obter ganhos percentuais representativos no total da prenhez.
A próxima etapa seria portanto,
conforme a figura 1, seria partir para ações no manejo nutricional através de
suplementos, uma tecnologia baseada em insumos e portanto de custos mais
elevados e portanto precisando de estrutura de base mais sustentável além de um
acompanhamento rigoroso que permita avaliar no futuro os resultados obtidos.
Pode-se aplicar nessa fase:
a) Focar
nas fases de pré e pós parto ofertando pastos melhorados. Essa opção depende de
um planejamento anterior que permita ter pastos ou piquetes aguardando essa
opção. No caso pode-se incluir um feno para melhorar ainda mais a condição, sem
esquecer do sal proteinado, que melhora a digestibilidade e permite uma maior
oferta de proteína mais escassa na matéria seca. Essa opção depende de fatores
exógenos vinculados ao clima o que não garante que possa ser aplicada na forma
mais adequada.
b) Ofertar suplementação com concentrados. A
depender do ECC (escore de condição corpórea) essa suplementação, pode ser
excessivamente cara ou ainda não trazer os resultados esperados. Porém aplicado
em estruturas sustentáveis podem permitir ganhos de 30%nas taxas de prenhez.
Entende-se portanto, que aplicar de forma generalizada não é uma indicação
nesse protocolo.
Na sequência, a pesquisa ainda
traz alternativas viáveis para mais uma etapa de evolução nas taxas de prenhez
que são ações no manejo fisiológico reprodutivo que podem favorecer a prenhez
de matrizes que estão com problemas de anestro pós parto. Também não são
baratas e precisam de um avaliação técnica das condições de ECC como também
ginecológicas para que possa surtir o efeito esperado. Pode-se exemplificar
com:
a)
Sincronização de cio:
b)
IATF ( inseminação artificial em tempo fixo)
c)
Desmame interrompido
d)
Bio estimulação pré entoure
Por fim a pesquisa sugere que
como última e mais avançada alternativa, para dar sintonia ainda mais fina ao
volume de prenhez, pode-se desenvolver um manejo
tático e de contingencia. Aqui estamos falando do exemplo dado no início do
texto sobre desmamam precoce. A pesquisa sugere a desmama precoce com:
a) 90/120dd
para parte das matrizes ou para todas as matrizes
b) 60/70
dias para parte das matrizes ou para todas as matrizes
Em ambos os casos, o custo da
suplementação do bezerro é muito elevado e pode comprometer o resultado se não
houver uma resposta positiva à prenhez. Por isso deve-se selecionar
criteriosamente as vacas que participaram do protocolo. Vale ressaltar que esse
processo deve ser avaliado após o segundo ano, quando costuma ter melhores
respostas ( em função da adaptação das vacas ao sistema).
Como pode-se perceber, as
tecnologias são muitas, mas todas precisam e exigem precedentes para que sejam
aplicadas com respostas positivas tal como esperado. Precedentes esses que
podem ser relacionados em tópicos para tornar mais didático e o entendimento
mais fácil. São elas:
a) Conhecimento
dos dados biológicos da propriedade.
b) Conhecimento
da amplitude do resultado tanto dando tudo 100% certo ou dando tudo 100%
errado.
c) Conhecer
quantitativamente os riscos da aplicabilidade das tecnologias.
d) Eliminar
as vulnerabilidades operacionais e de estrutura que são endógenas ao sistema.
e) Existência
de recursos suficientes e de fluxo de caixa correspondente ás necessidades.
Assim os
riscos diminuem muito e o aprendizado para implantação progressiva de
tecnologias passa a ser uma rotina nas organizações rurais. Não respeitar as
pré condições pode representar um risco mais elevado do que a não aplicação das
tecnologias.
BARCELLOS,
J.O.J.;OIAGEN, R.P.; CHRISTOFARI,L.F. GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS NA
PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA: PECUÁRIA DE CRIA. Arch.
Latinoam. Prod. Anim. Vol. 15 (Supl. 1) 2007 XX Reunión ALPA, XXX Reunión
APPA-Cusco-Perú
COUTINHO, L. G.; FERRAZ, J. C. Estudo
da competitividade da indústria brasileira. 2.ed. Campinas: Papirus, 1994.
510p.
LAZZAROTO, J.; SCHMITT,R.;
ROESSING,A. A competitividade da cadeia
produtiva da carne bovina. Universidade Federal de Viçosa.
PORTER, M. E. Competitive
advantage: creating and sustaining superior performance. New York: Free
Press, 1985. p.1-30.
Nenhum comentário:
Postar um comentário