sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

ALIANÇAS ESTRATÉGICAS


O último texto que eu escrevi para o blog abordou a questão da integração da cadeia produtiva da bovinocultura e no final tocou sutilmente no assunto de alianças mercadológicas. A forma sutil deve-se ao fato de que não caberia naquele momento um aprofundamento do tema já que ele pode ser trabalhado num texto específico como será feito agora. Abordaremos porém, as alianças estratégicas de uma forma ampla.

As Alianças Estratégicas, enquanto arranjos organizacionais estruturados e formais começam a ser motivo de estudo a partir da década de 70.De lá para os nossos dias atuais, segunda década do século XXI, muitas mudanças sociais e econômicas aconteceram, exigindo das organizações maior eficiência.
Um público mais exigente, uma concorrência mais acirrada, tecnologias inovadoras disponíveis no mercado a cada segundo, recursos naturais em escassez dentre outras mudanças drásticas exigiram mudanças organizacionais relevantes e quebra de alguns paradigmas para que as organizações se adaptassem ao novo sistema. Tudo isso aconteceu também para a pecuária de corte.
Os autores teóricos apresentam muitas soluções estratégicas para se alcançar a tal da eficiência. Alguns apontam no sentido das organizações buscarem maior eficiência através de redes organizacionais que são mais conhecidas por: alianças estratégicas, joint ventures, terceirização, subcontratação, consórcios, redes de cooperação, clusters etc.
As redes são definidas portanto como “grupo de organizações com interesses comuns, que se unem para a melhoria da competitividade de um determinado setor ou segmento e cooperam entre si”. É fundamental que elas mantenham a sua independência e autonomia e estejam ligadas a quatro objetivos estratégicos:
a) vantagens baseadas na busca de complementariedade, como, por exemplo, aumentar a penetração em novos mercados ou ampliação dos mercados atuais,
b) criação de poder de compra, por exemplo, em acordos de redução de custos de suprimentos ou de aumento de poder de mercado, em função do peso econômico, da imagem e da reputação;
c) ampliação de base técnica, como atividades de pesquisa e Desenvolvimento;
d) ampliação dos conhecimentos: redes de cooperação podem, através de aprendizagem coletiva, gerar os conhecimentos e as informações necessárias a cada membro (Jeronimo, 2005).
A principal característica de uma aliança é a independência das empresas envolvidas na parceria. As alianças permitem às empresas compartilhar recursos para atingir um objetivo comum sem, contudo, abrir mão de sua autonomia estratégica e de interesses específicos (Dussauge e Garrette,1999). Assim as alianças são formas de obtenção de vantagens de custo ou de diferenciação dos elos verticais, sem a imobilização de capital em integração vertical ; no entanto, no caso das alianças estratégicas surgem dificuldades de coordenação entre empresas puramente independentes.
No quadro abaixo pode-se observar as formas possíveis de cooperação entre as empresas no sentido de melhorar a eficiência global.
Quadro 1:  Formas de cooperação em modelos de redes organizacionais
Categoria das Inter-relações
Fontes de inter-relação
Formas possíveis de cooperação
AQUISIÇÃO
Insumos adquiridos
·         Aquisição conjunta
TECNOLOGIA
·         Tecnologia comum dos produtos
·         Tecnologia comum dos processos
·         Tecnologia comum em outras atividades de valor
· Desenvolvimento conjunto de tecnologia
·Projeto de interface conjunto
INFRAESTRUTURA
·    Necessidades comuns de infra estrutura da empresa
· Capital comum
·  Levantamento compartilhado de capital (Financiamento)
·   Contabilidade compartilhada
·    Assessoria jurídica compartilhada
·    Relações com o governo compartilhadas
·  Contratação e treinamento compartilhados
PRODUÇÃO
·         Localização comum de matérias-primas
·          Necessidades comuns de suporte de fábrica.
·         Logística interna compartilhada
·         Atividades indiretas de produção compartilhadas.
MERCADO
·         Comprador comum
·         Canal de compras comum
·         Mercado geográfico comum
·         Marca registrada compartilhada
·         Venda cruzada de produtos
·          Pacote de vendas
·         Departamento de marketing compartilhado
·         Rede compartilhada de serviço/suporte
FONTE: Porter 1989
Alguns modelos de alianças estratégicas podem ser considerados de sucesso, nos quais as partes conseguiram melhorar sua eficiência econômica, alcançando mercados maiores e mais distantes como por exemplo:
1.       Fazenda Santa Fé em Goiás
             Confina 19000 bois/ano.
            Para garantir a qualidade dos animais que adquire para recria e engorda foi obrigada a formar         parcerias com criadores.
As regras foram estabelecidas de forma a dar níveis de garantias equivalentes a ambos os lados.
      2.       Guarapuava – Paraná
               Aliança entre produtores do município com frigoríficos e redes de varejo.
               18 produtores unidos conseguem fornecer de forma direta aos frigoríficos com uma frequência        maior do que quando individualmente e os frigoríficos atendem satisfatoriamente a rede de varejo
Esses casos não são acompanhados pela Gepecorte e os dados foram fornecidos por outros parceiros. Pode-se determinar portanto e sem dúvida, que as alianças são possíveis e podem ser uma solução para pequenos e médios produtores conseguirem resultados melhores para seus empreendimentos.
Adriana Calmon de Brito Pedreira
MSc. em Administração Estratégica
Fontes:
BRAGA, Marcelo. Redes, alianças estratégicas e intercooperação: o caso da cadeia produtiva de carne bovina. UFV 2008
CAMPEÃO, Patricia; SPROESSES, Renato Luiz; VELASQUES, Murilo; MARQUES, Heitor . Alianças estratégicas em bovinocultura de corte. XXVI ENEGEP. Fortaleza 2006
JERONIMO, F.B. A confiança em redes: a experiência de uma rede formada por sete cooperativas do setor agroalimentar no Rio Grande do Sul. 173f. 2005. Dissertação (Mestrado) - CEPAN/Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.  
PORTER, M.E. Estratégia competitiva: técnicas para a análise de indústrias e da concorrência. Tradução de Elizabeth Maria de Pinho Braga
 

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