A
carne bovina brasileira que se come hoje à mesa dos principais restaurantes de
São Paulo é mais saborosa e com qualidade maior do que a consumida há dez anos.
A melhora da qualidade é consenso entre alguns dos principais chefs da cidade,
como Alex Atala (D.O.M. e Dalva e Dito), Alberto Landgraf (Epice) e Jefferson
Rueda (Attimo). Para eles, cortes oferecidos por empresas nacionais já
alcançaram uma qualidade que se compara à obtida pelos vizinhos Argentina e
Uruguai.
De acordo com Pedro de Felício, especialista em carnes da Faculdade de
Engenharia de Alimentos da Unicamp, o principal motivo dessa guinada tem origem
no cruzamento das raças. No Brasil, 80% do gado é da raça indiana nelore. O que
tem feito a diferença são os cruzamentos da nelore com as raças europeias, que
têm carne mais macia por causa da gordura entremeada. É ainda uma iniciativa de
poucos fazendeiros, mas a tendência é que se expanda.
Para Felício, os criadores brasileiros começam também a se conscientizar sobre
a importância da boa alimentação do gado para alcançar mais maciez e sabor. É
possível encontrar, no mercado, carnes de produtores considerados referência.
Para o consumidor, a dica de Péricles Salazar, presidente da Associação
Brasileira de Frigoríficos, é que fique atento ao selo de qualidade nas
embalagens. Uma das marcas que tem a certificação e pode ser encontrada em
supermercados é a Wessel. A diretora comercial, Tatiana Wessel, diz que, hoje,
todo o gado bovino comercializado pela empresa é nacional. O mesmo caminho
seguem as marcas VPJ e Bonsmara.
MELHOR E MAIS CARA
Na hora da compra, a qualidade se reflete nos preços.
Um quilo de filé-mignon porcionado na bandeja, sem selo de qualidade ou de
origem da carne, custava R$ 26,99 em um supermercado de São Paulo visitado
recentemente pela reportagem. No mesmo lugar, o quilo do mesmo corte da marca
Wessel foi encontrado por R$ 57,99, mais do que o dobro do preço.
Para fugir dos preços salgados sem abrir mão de um bom produtor, uma sugestão é
apostar nos cortes chamados de "carne de segunda", como coxão-mole e
cupim.
Essa, aliás, é uma tendência na alta gastronomia, verificada em restaurantes
como D.O.M. e Epice.
A qualidade na criação resulta em mais sabor e maciez nesses cortes dianteiros
do boi. E eles chegam a ser de 40% a 70% mais baratos os que os ditos "de
primeira".
Para Atala, que tem tendão, acém e patinho no D.O.M., "não existe carne de
primeira. Existe boi de primeira. Criado de maneira correta e bem abatido, há
um aproveitamento de carcaça superior, o que garante a qualidade, inclusive,
desses cortes", afirma o chef.
Fonte:Site
da Carne – 12/04/2013
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