A
gestão das empresas, busca na sua essência o desempenho superior.
No
caso da bovinocultura, pelo fato de se trabalhar num mercado de concorrência
quase perfeita, este desempenho superior não se efetiva em relação aos
concorrentes necessariamente, já que estes não são ameaças efetivas, mas sim em
relação ao seu próprio desempenho anterior, ou seja, comparado com anos e
resultados passados. É a chamada competitividade.A competitividade das organizações passa por alguns fatores determinantes, conforme o modelo sugerido por Coutinho e Ferraz, 1995, que se dividem em fatores internos à empresa, fatores estruturais (setoriais) e fatores sistêmicos.
Este artigo abordará os fatores internos que envolvem decisões, modelos e planos no âmbito interno das organizações. São as efetivas ações que dependem única e exclusivamente dos gestores. São eles:
·
Estratégias e gestão
·
Capacidade para inovação
·
Capacidade produtiva
·
Recursos Humanos
A
estratégia deve ser sempre uma opção inteligente, econômica e viável, pois ela
é quem define como os recursos serão utilizados para que se obtenha desempenho
superior ao longo dos anos.
Gerir
empresas rurais difere um pouco de empresas urbanas a partir do momento que as
rurais possuem peculiaridades que limitam algumas ações comuns na gestão de
empresas urbanas. Determinar objetivos qualitativos e quantitativos, definir os
caminhos a serem seguidos e avaliar os resultados é a fórmula perfeita para se
alcançar desempenhos satisfatórios ao longo do trajeto. Essas ações permitem
obter informações que serão indispensáveis para a tomada de decisão futura.Com objetivos bem definidos e gestão efetiva, as empresas saberão, sempre o que priorizar e do que se pode abrir mão, quais custos são menos impactantes, quais categorias são mais rentáveis, quais categorias são mais comerciais, qual a rentabilidade da atividade, qual o ponto de equilíbrio do sistema produtivo, qual o tamanho da capacidade de investimento e qual o volume do capital de giro, por exemplo. Tudo isso é gestão e se a estratégia esta definida, a partir dessas informações o resultado será próspero.
A capacidade de inovação no contexto da bovinocultura foi tratada ao longo das duas décadas passadas como investimentos em tecnologias de reprodução, tecnologias em alimentação, mas muito pouco em inovação nos modelos de gestão ou nos formatos dos negócios pecuários. Pensar em planejamento estratégico, pensar em comercialização via BM&F, pensar em índices financeiros, pensar também em capacitação de mão de obra, em clima organizacional eram ações inexpressiva e quando aconteciam eram de forma bastante isoladas, por grandes empreendimentos. Hoje, as empresas que adotam algumas dessas inovações são líderes e mantêm seu “cash flow” em dia.
A capacidade produtiva das organizações voltadas para produção de bovinos, sempre foi a principal preocupação dos empresários, como já havia afirmado acima. Afinal produzir mais e melhor sempre foi o foco do produtor. Mas o que é mesmo produzir melhor? Não devemos entender somente como um produto mais bonito e/ou mais comercial, mas sim num produto mais rentável dentro das condições de mercado e principalmente adaptado às condições internas da propriedade, das características do setor e das ações sistêmicas do ambiente como previram Coutinho e Ferraz, 1995. Avaliar custo de produção e preço de venda é fundamental para a saúde financeira da empresa e esta intrínsecamente ligadaà produção da mercadoria final.Não se pode esquecer que a carne é uma comodity e que o produtor é um “price taker”.
Nessa mesma perspectiva de produzir o que o mercado quer e adaptado às condições operacionais da organização, a particularidade da capacidade técnica, humana e criativa das pessoas que compõem o quadro funcional, pode ser o pulo do gato.
Vaqueiro é vaqueiro, gestor é gestor e cada qual tem seu valor.Nesse contexto pensar estrategicamente, avaliar desempenho, acompanhar dados é função do gestor e não do vaqueiro que precisa de tempo para observar o gado, as pastagens, os minerais, as doenças, as causas “mortis” , o cio, o peso etc.
Assim, entende-se que os fatores internos estão totalmente ao alcance do produtor, independente do tamanho da propriedade, do total do rebanho, das condições financeiras.Quanto mais precisas se tornarem as ações, as decisões, os investimentos melhor desempenho terão as propriedades.
Adriana Calmon de B. Pedreira
Administradora de Empresas
Pós Graduação em Adm Rural. Univ. Federal de Lavras
Mestranda em Administração Estratégica. Unifacs
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