Enquanto negocia a cota Hilton, o Brasil vê surgir uma nova ameaça aos embarques para o mercado europeu no futuro. A Europa proíbe importação de carne de gado que tenha sido alimentado, ao final da engorda, com um aditivo promotor de crescimento recentemente aprovado no Brasil.
De outro lado, os exportadores brasileiros negociam uma flexibilização das exigências da UE que dificultam muito o cumprimento das vendas de 10 mil toneladas de carne permitidas pela cota. E não descartam a abertura de um contencioso na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o bloco, caso o impasse não seja resolvido.
"O assunto está atravancado. Estamos esperando, mas em caso negativo (de recusa da proposta brasileira) não descartamos pedir uma retomada do processo para abertura de um painel", disse Fernando Sampaio, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Carne Bovina (Abiec).
Problemas relacionados à cota Hilton, que inclui cortes especiais cujos preços atingem valores mais elevados no mercado internacional, já levaram o Brasil a avaliar no início de 2010 a abertura de um contencioso na OMC.
Após a sinalização de um contencioso, o Brasil foi chamado para renegociar a questão da cota e apresentou proposta que inclui novas regras, como a inclusão de carnes de animais terminados em confinamento.
O documento foi entregue ao bloco em abril deste ano, mas segue em análise desde então pelo DGAgri, órgão agropecuário da UE.
As regras atuais da UE para a cota Hilton preveem que a carne brasileira só pode vir de animais criados exclusivamente a pasto.
Ocorre que a maior parte da produção brasileira migrou para o Centro-Oeste do país, onde a estiagem nos meses de inverno leva produtores a alimentar os animais com ração e suplementos, uma vez que o pasto seco é insuficiente para garantir o peso do animal.
Segundo a Abiec, o Brasil deixou de ganhar cerca de 250 milhões de dólares entre 2007 e 2011 por não obter os benefícios da venda dentro da cota Hilton --o produto vendido fora da cota paga tarifa de importação de 3 mil euros por tonelada.
A União Europeia já foi o principal mercado para a carne brasileira até meados da década passada, mas a descoberta de casos de aftosa e medidas restritivas ao produto fizeram as vendas ao bloco despencarem. A UE voltou a ganhar participação recentemente. Hoje ela aparece como o terceiro principal destino, considerando o faturamento.
Fonte:Beef World – 06/09/2012
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