Foi preciso tirar o gado do confinamento e aumentar a área de pasto.
Os irmãos Daniel e João Santos começaram a criar gado leiteiro há mais de 20 anos, em Passos, a 370 quilômetros de Belo Horizonte, na fazenda Triângulo. Para diminuir gastos e aumentar os lucros da fazenda, os produtores de leite fizeram uma mudança geral na forma de criação e investiram no pastejo rotacionado."Trabalhamos com gado puro holandês confinado, que é o costume da nossa região. A alimentação é toda no cocho, o dia todo, bem à vontade, então era confinamento total. A área que hoje é pastagem, a gente plantava milho para silagem, fazia duas safras, safra e safrinha, sempre silagem para alimentar esse gado", relata Daniel.
O diagnóstico da fazenda Triângulo mostrou números desanimadores. A fazenda gastava 93% do que arrecadava e precisava reestruturar o rebanho. Só 40% das vacas produziam leite. Os outros 60% dos animais eram bezerras e novilhas.
A principal mudança no manejo da fazenda foi tirar os animais do confinamento e transformar a área onde havia cultivo de milho em pasto. Com a implantação do pastejo rotacionado, é preciso fazer um planejamento para definir onde cada lote de vaca vai ficar. O objetivo desse sistema é aumentar a eficiência da pastagem, já que é feito um calendário onde sempre haverá partes do pasto sendo usadas e partes em descanso, para que a planta se recupere.
Na fazenda Triângulo a área total do pastejo é de 18 hectares. Foram feitos quatro módulos com 26 piquetes, cada. No primeiro módulo, entra o lote de novilhas; no segundo, o das vacas de maior produção; no terceiro, o lote das vacas com produção intermediária; e no quarto, o das vacas com menor produção, já em fim de lactação.
Duas ordenhas são feitas por dia: uma às 6hs e outra às 15hs. Após a ordenha da tarde, as vacas são liberadas para o piquete determinado, onde passam a noite toda pastando. A cerca elétrica já tem que estar aberta, para que elas saibam o caminho.
No verão, a lotação é de 12 vacas por hectare e, no inverno, de seis. Assim que o lote de vacas sai, o piquete recebe adubação química de nitrogênio e adubação orgânica, feita com o esterco recolhido no próprio curral.
O esterco é recolhido três vezes ao dia, levado para uma trincheira coberta e misturado à cama de frango, da criação de aves que os irmãos têm em outro sítio. Com o trator, o esterco aduba a pastagem diariamente.
O mombaça é o carro-chefe da pastagem, pois rebrota sozinho e dá o ano todo. No inverno, porém, quem se sobressai é o azevém, durante junho e julho, e a aveia, durante agosto e setembro. Quando o tempo começa a esquentar, o mombaça toma conta da área de novo.
"Com essas forrageiras, a fazenda ganhou em produtividade. Ela passou de 1300 litros de leite para 2400 litros. Outro ponto fundamental é que esse pasto tem muita proteína. Ela tem 22% de proteína, enquanto uma silagem de milho tem apenas 8%. Hoje, a proteína está incidindo num custo muito pesado na produção de leite. Então, com isso, a gente consegue fazer um concentrado com pouca proteína", explica Fernando.
Para enfrentar horas no pasto, o gado precisa ser mais rústico. Antes mesmo de deixar o confinamento, Daniel e João já estavam criando vacas girolandas - cruzamento de holandês com gir. Agora estão testando um outro tipo: jersey com holandês, um gado muito comum na Nova Zelândia, popularmente chamado de jersolando.
Quatro anos depois de implantado o novo sistema na fazenda, os números estão mais animadores. O custo de produção em 2009 era de R$ 0,89. Hoje está em R$ 0,64 por litro de leite. Se antes gastavam 93% do que arrecadavam, em 2011 fecharam com 71%.
Fonte:O Leite – 27/08/2012
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