
Uma fazenda em São Paulo tem 42 anos e há 25 pratica o confinamento e o semi-confinamento de gado. Deste modo, os bezerros desmamam nos meses de maio e agosto e já são selecionados para irem para o cocho, no ano seguinte, onde deverão permanecer por até 100 dias. Existe um plano de rotação para o confinamento e, neste ano, serão cerca de duas mil cabeças confinadas. Aos 20 meses, o boi já está pronto para o abate a um custo médio de R$ 74,00 a arroba.
De acordo com os pecuaristas, com o alto custo de produção e o preço da arroba baixo, é preciso uma equação muito acertada para não ter prejuízo. Além disso, os frigoríficos, que também confinam, acabam representando concorrência aos produtores.
– Os frigoríficos querem controlar, eles tem o mercado interno e o mercado exportador, e querem estabelecer um preço do boi acabado, de boi gordo, muito baixo, inferior a R$ 100,00, enquanto que os insumos e o custo de mão-de-obra crescem todo ano de 5% a 10%. Isso traz um problema financeiro para o produtor – argumenta.
Para o consultor de mercado Elio Micheloni, a lei da oferta e da procura é um dos fatores que interferem no preço do boi. Segundo o especialista, a maior preocupação de quem vai confinar é em relação à concentração de oferta dentro de um curto período
– Quando o meu boi estiver pronto, o do vizinho também vai estar, e então você passa a ter uma concentração de oferta muito grande em um determinado espaço de tempo. Isso é uma pressão negativa no mercado e, por isso, nós induzimos para que haja uma trava de preço porque a atividade demanda muito investimento – explica o consultor.
Já o consultor José Vicente Ferraz alega que o conflito com a indústria acontece com o pecuarista tradicional, que ainda confina apenas como forma de driblar a temporada de inverno. Mesmo assim, ele acredita que esse cenário esteja com os dias contados.
– Vai continuar uma situação incerta, mas muito mais administrada, mais inteligente, onde serão buscadas parcerias e a divisão de riscos e lucros. O mercado está mudando, não apenas no Brasil, mas principalmente lá fora, em que isso vai ser uma necessidade. Quando é necessário, as coisas acontecem – enfatiza.

Fonte: Canal Rural – 17/07/2012
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Esta é uma briga que já perdura por muito e muito tempo. Já lido com pecuária há mais de 20 anos e especificamente na empresa GEPECORTE há quase 15 anos.
Em todo este tempo a luta do pecuarista por ver melhor remunerado seu produto e consequentemente um bom retorno do seu investimento é de certa forma desigual.
Por outro lado os frigoríficos reclamam da incerteza da oferta (por isso têm se dedicado a atividade do confinamento ) da qualidade do produto oferecido (o boi), e das baixas margens de rentabilidade da atividade.
No meu entender o que falta é a modernização da pecuária, com instrumentos de gestão eficientes que permitam ao fazendeiro gerir seu negócio dentro dos padrões acadêmicos de gerenciamento, aliado a sua capacidade criativa para adaptar-se e produzir um boi de qualidade no menor tempo possível. No entanto é preciso que a indústria reconheça quando receber nos seus currais de abate um produto diferenciado, e resolva pagar por êle também um preço diferenciado.
Por sua vez a rede varejista (supermercados especialmente ), elo importante desta cadeia, tem que participar dando tb sua contribuição.
Ou seja a situação pode ser resumida em aplicar-se uma nova regra de mercado onde a relação correta entre fornecedor e consumidor deve ser o ganha-ganha, onde todos os participantes são bem remunerados e o consumidor final terá na mesa de sua casa, nas churrasqueiras de fim de semana um bom produto.
GEPECORTE
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