Já abordado em textos anteriores,
a necessidade do gestor das empresas rurais pôr em prática o chamado Processo
Administrativo, que envolve as 4 funções básicas dos administradores que são
planejar, organizar dirigir e controlar, é de suma importância para as
organizações. Esse texto abordará um dos itens do processo que são os CONTROLES
- controles produtivos, administrativos, comerciais e financeiros.
Dando início ao Processo
Administrativo, a etapa de controle muitas vezes é considerada a última, porém cabe
uma ressalva no sentido que essa etapa deve acompanhar todo o processo e suas outras
etapas avaliando, comparando e trazendo dados importantes a todo momento, visto
que justamente por ser um processo, a administração precisa de ajustes
constantes.
Ajustes constantes???
Sim, a empresa é dinâmica, é
processual, é sistêmica, é holística, é integrada no ambiente e por isso
conforme a movimentação externa é necessário que ajustem sejam feitos
constantemente. Da mesma forma as movimentações internas podem exigir novas
atividades, planejamentos e metas. Um planejamento não pode ser estático nem
eterno.
O que permite aos gestores
ajustarem seus rumos, ou ajustarem suas trajetórias, são os dados colhidos no
ambiente interno e externo das suas propriedades ou das suas empresas. Esses
dados são chamados de registros, ou controles que espelham o que foi fato no
passado e que ao serem analisados podem trazer respostas sobre o que de fato
aconteceu ou possa a vir acontecer na organização.
Muitas propriedades possuem dados
registrados e datados de mais de 10 anos, porém esses dados muitas vezes são
apenas coletados e colocados em pastas e arquivados. São os autênticos arquivos
mortos. Dessa forma a energia gasta com a produção de controles está totalmente
desperdiçada e sem nenhuma função administrativa, financeira, produtiva ou
comercial.
Sendo assim, cabe observar que a
atividade de controle apresenta quatro fases distintas:
1)
Estabelecimento
de padrões: podem ser padrões determinados internamente ou coeficientes
técnicos padrões da atividade;
2)
Mensuração
do desempenho: acompanhar os fatos registrando os dados;
3)
Comparação
entre obtido e esperado: Análise. Esta é a fase mais importante do controle,
pois de nada adiante determinar padrões e mensurar resultados se não houver uma
análise dos motivos que levaram ao alcance ou não dos padrões determinados.
4)
Ação
corretiva: É a aplicação do processo administrativo, pois a ação corretiva
implica em reestruturar o planejamento e dar início a um novo ciclo baseado em
novos padrões, novos procedimentos, técnicas, pessoas, etc.
É importante estar atento aos
padrões determinados e aos coeficientes técnicos adotados, pois alguns fatores
podem interferir de forma direta no alcance ou não desses coeficientes,
causando ou uma frustração, ou uma ideia de desempenho superior irreal. Esses
fatores podem ser:
a)
Tipo de
exploração: Uma exploração intensiva tem resultados totalmente diferentes das
explorações totalmente ou semi extensivas. Lavoura irrigada, adensada também
produzem diferente de lavouras de cultivo tradicional;
b)
Local de
produção: Regiões diferentes possuem características físicas, legais,
ambientais, meteorológicas diferentes e não podem responder da mesma forma.
c)
Mercado: As
exigências do mercado interferem diretamente no modo de produção o que faz com que
os coeficientes nem sempre possam ser semelhantes.
Na atividade rural existem
controles de vários tipos, como foi dito anteriormente: os produtivos – aqueles
que registram os dados da produção da propriedade, os financeiros – que
refletem os resultados entre despesas, receitas e investimentos, os
administrativos – que demonstram dados de pessoal, de movimentação, de
logística e por fim os comerciais - que traduzem volumes e tipo de vendas, saldos,
clientes etc. Caberá ao produtor eleger os que pretende acompanhar e definir os
parâmetros adequados ao perfil do empreendimento.
Os índices financeiros podem ser:
giro de caixa, liquidez, endividamento, lucratividade. Já os índices
administrativos podem ser o volume de horas extras, a rotatividade dos funcionários,
total de despesas administrativas. Quando pensamos nos índices comercias já
focamos na comercialização dos produtos: custos relacionados a venda, volume de
venda, períodos de maior e menor comercialização, preços de venda ao longo do
ano e em índices históricos. Por fim os produtivos, que são aqueles que os
produtores têm maior familiaridade e mais gostam de apurar: taxa de natalidade,
taxa de fertilidade, taxa de desfrute, taxa de abate, rendimento de carcaça,
taxa de mortalidade, ganho de peso.
Não só analisar os controles
avaliando os resultados obtidos, como também fazendo uma comparação entre eles
é fundamental para que seja apresentado o retrato da propriedade e não uma
caricatura. Muitas os resultados produtivos são excelentes e os econômicos financeiros
são horríveis, o que indica uma necessidade de ajustar o sistema produtivo.
Outras situações podem ocorrer
como termos excelentes resultados financeiros e baixíssimos índices produtivos,
são raros esses casos, mas acontecem e normalmente indicam uma capacidade
ociosa de produção. Pode-se também observar as vezes, que os resultados
financeiros são consequência de uma má gestão comercial ou administrativa e não
produtiva.
Sendo assim, observa-se com
consistência como os controles organizacionais são fundamentais no processo
administrativo e que os produtores devem estar atentos a análise deles.
Abaixo, o leitor pode encontrar
algumas fórmulas para ajudar a calcular os índices obtidos.
Cálculo do índices:
ECONÔMICOS -
FINANCEIROS:
Lucratividade = Resultado Líquido
Receita Total
(Para cada R$100,00 vendidos,
quanto é de ganho líquido)
Liquidez = Disponível
+ contas a receber + estoques
Passivo
total
(Para cada R$100,00 em dívida,
quanto se tem para pagar)
Margem de Contribuição = Preço de venda – custos variáveis (absoluta)
Margem de Contribuição % = Preço de venda – custos variáveis
Preço de venda
(Quanto do valor de venda do
produto está comprometido com os custos)
Ponto de equilíbrio R$ = custos fixos .
(Receita total – custos variáveis)
Receita total
Ponto de equilíbrio Un = PE R$ .
Preço
de venda (Un.)
(Montante de produto a ser
comercializado para cobrir todas as despesas fixas e variáveis)
PRODUTIVOS:
Taxa de fertilidade %= Número de vacas
cheias
Total de
vacas em estação
Taxa de natalidade % = Número de bezerros nascidos
Total
de vacas em estação
Taxa de desfrute % = Número de animais excedentes
Total
do rebanho
Taxa de abate % = Número de animais
abatidos
Total
do rebanho
Rendimento de carcaça % = Peso morto (frigorífico)
Peso vivo ( vivo com 14
horas de jejum)
Produtividade do rebanho/ha = Kg de carne
disponível para o abate
Total de
hectares
Bibliografia:
Araújo, Massilon. Fundamentos do
Agronegócio. São Paulo. Atlas.2003
Corrêa, Afonso Nogueira. Gado de
Corte: o produtor pergunta. EMBRAPA SPI. Brasília, 1996
Pires, Alexandre Vaz.
Bovinocultura de Corte. Vol II. Piracicaba. FEALQ.2010
Souza et al. Administração da
Fazenda. São Paulo. Globo 1990
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