sexta-feira, 7 de agosto de 2015

CONTROLES – UMA FERRAMENTA PARA TOMADA DECISÃO

                                                                                               Adriana Calmon de Brito Pedreira
                         MSc. em Administração Estratégica


Já abordado em textos anteriores, a necessidade do gestor das empresas rurais pôr em prática o chamado Processo Administrativo, que envolve as 4 funções básicas dos administradores que são planejar, organizar dirigir e controlar, é de suma importância para as organizações. Esse texto abordará um dos itens do processo que são os CONTROLES - controles produtivos, administrativos, comerciais e financeiros.

Dando início ao Processo Administrativo, a etapa de controle muitas vezes é considerada a última, porém cabe uma ressalva no sentido que essa etapa deve acompanhar todo o processo e suas outras etapas avaliando, comparando e trazendo dados importantes a todo momento, visto que justamente por ser um processo, a administração precisa de ajustes constantes.

Ajustes constantes???

Sim, a empresa é dinâmica, é processual, é sistêmica, é holística, é integrada no ambiente e por isso conforme a movimentação externa é necessário que ajustem sejam feitos constantemente. Da mesma forma as movimentações internas podem exigir novas atividades, planejamentos e metas. Um planejamento não pode ser estático nem eterno.

O que permite aos gestores ajustarem seus rumos, ou ajustarem suas trajetórias, são os dados colhidos no ambiente interno e externo das suas propriedades ou das suas empresas. Esses dados são chamados de registros, ou controles que espelham o que foi fato no passado e que ao serem analisados podem trazer respostas sobre o que de fato aconteceu ou possa a vir acontecer na organização.

Muitas propriedades possuem dados registrados e datados de mais de 10 anos, porém esses dados muitas vezes são apenas coletados e colocados em pastas e arquivados. São os autênticos arquivos mortos. Dessa forma a energia gasta com a produção de controles está totalmente desperdiçada e sem nenhuma função administrativa, financeira, produtiva ou comercial.

Sendo assim, cabe observar que a atividade de controle apresenta quatro fases distintas:

1)      Estabelecimento de padrões: podem ser padrões determinados internamente ou coeficientes técnicos padrões da atividade;

2)      Mensuração do desempenho: acompanhar os fatos registrando os dados;

3)      Comparação entre obtido e esperado: Análise. Esta é a fase mais importante do controle, pois de nada adiante determinar padrões e mensurar resultados se não houver uma análise dos motivos que levaram ao alcance ou não dos padrões determinados.

4)      Ação corretiva: É a aplicação do processo administrativo, pois a ação corretiva implica em reestruturar o planejamento e dar início a um novo ciclo baseado em novos padrões, novos procedimentos, técnicas, pessoas, etc.

É importante estar atento aos padrões determinados e aos coeficientes técnicos adotados, pois alguns fatores podem interferir de forma direta no alcance ou não desses coeficientes, causando ou uma frustração, ou uma ideia de desempenho superior irreal. Esses fatores podem ser:

a)      Tipo de exploração: Uma exploração intensiva tem resultados totalmente diferentes das explorações totalmente ou semi extensivas. Lavoura irrigada, adensada também produzem diferente de lavouras de cultivo tradicional;

b)      Local de produção: Regiões diferentes possuem características físicas, legais, ambientais, meteorológicas diferentes e não podem responder da mesma forma.

c)       Mercado: As exigências do mercado interferem diretamente no modo de produção o que faz com que os coeficientes nem sempre possam ser semelhantes.

Na atividade rural existem controles de vários tipos, como foi dito anteriormente: os produtivos – aqueles que registram os dados da produção da propriedade, os financeiros – que refletem os resultados entre despesas, receitas e investimentos, os administrativos – que demonstram dados de pessoal, de movimentação, de logística e por fim os comerciais - que traduzem volumes e tipo de vendas, saldos, clientes etc. Caberá ao produtor eleger os que pretende acompanhar e definir os parâmetros adequados ao perfil do empreendimento.

Os índices financeiros podem ser: giro de caixa, liquidez, endividamento, lucratividade. Já os índices administrativos podem ser o volume de horas extras, a rotatividade dos funcionários, total de despesas administrativas. Quando pensamos nos índices comercias já focamos na comercialização dos produtos: custos relacionados a venda, volume de venda, períodos de maior e menor comercialização, preços de venda ao longo do ano e em índices históricos. Por fim os produtivos, que são aqueles que os produtores têm maior familiaridade e mais gostam de apurar: taxa de natalidade, taxa de fertilidade, taxa de desfrute, taxa de abate, rendimento de carcaça, taxa de mortalidade, ganho de peso.

Não só analisar os controles avaliando os resultados obtidos, como também fazendo uma comparação entre eles é fundamental para que seja apresentado o retrato da propriedade e não uma caricatura. Muitas os resultados produtivos são excelentes e os econômicos financeiros são horríveis, o que indica uma necessidade de ajustar o sistema produtivo.

Outras situações podem ocorrer como termos excelentes resultados financeiros e baixíssimos índices produtivos, são raros esses casos, mas acontecem e normalmente indicam uma capacidade ociosa de produção. Pode-se também observar as vezes, que os resultados financeiros são consequência de uma má gestão comercial ou administrativa e não produtiva.

Sendo assim, observa-se com consistência como os controles organizacionais são fundamentais no processo administrativo e que os produtores devem estar atentos a análise deles.

Abaixo, o leitor pode encontrar algumas fórmulas para ajudar a calcular os índices obtidos.

Cálculo do índices:

ECONÔMICOS - FINANCEIROS:

 
Lucratividade = Resultado Líquido  
                             Receita Total

(Para cada R$100,00 vendidos, quanto é de ganho líquido)
 

Liquidez = Disponível + contas a receber + estoques
                                    Passivo total 

(Para cada R$100,00 em dívida, quanto se tem para pagar)


Margem de Contribuição = Preço de venda – custos variáveis (absoluta)

Margem de Contribuição % = Preço de venda – custos variáveis
                                                             Preço de venda

(Quanto do valor de venda do produto está comprometido com os custos)
 
Ponto de equilíbrio R$ =                    custos fixos                    .
                                              (Receita total – custos variáveis)
                                                                   Receita total

Ponto de equilíbrio Un =                    PE R$                    .
                                                        Preço de venda (Un.)

(Montante de produto a ser comercializado para cobrir todas as despesas fixas e variáveis)
 
 
 
PRODUTIVOS:
 
Taxa de fertilidade %=   Número de vacas cheias
                                       Total de vacas em estação
 
Taxa de natalidade % = Número de bezerros nascidos
                                        Total de vacas em estação
 
Taxa de desfrute % = Número de animais excedentes
                                        Total do rebanho
Taxa de abate % =      Número de animais abatidos
                                        Total do rebanho
 
Rendimento de carcaça % =      Peso morto       (frigorífico)
                                                         Peso vivo            ( vivo com 14 horas de jejum)
Produtividade do rebanho/ha =      Kg de carne disponível para o abate
                                                                           Total de hectares
 
Bibliografia:
Araújo, Massilon. Fundamentos do Agronegócio. São Paulo. Atlas.2003
Corrêa, Afonso Nogueira. Gado de Corte: o produtor pergunta. EMBRAPA SPI. Brasília, 1996
Pires, Alexandre Vaz. Bovinocultura de Corte. Vol II. Piracicaba. FEALQ.2010
Souza et al. Administração da Fazenda. São Paulo. Globo 1990

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