Este é o terceiro e último texto sobre a produção de gado de corte.
Os dois primeiros falaram do uso intensivo da tecnologia e do planejamento estratégico.
Se não leu estes dois temas anteriores é só procura-los nas nossa postagens anteriores e você terá a série completa do tema PRODUÇAO DE GADO DE CORTE EM PASTAGENS.
O terceiro tópico dessa série de análise acerca de
condicionantes para uma boa produção a pasto se refere à integração da cadeia
produtiva. Importante explicar que entende-se por cadeia produtiva o conjunto
de setores que envolve a produção de algum produto ou serviço. Aqui nesse texto
nosso foco é a cadeia da bovinocultura de corte.
Três setores específicos fazem parte dessa cadeia.
São eles:
a)
Setor a montante – antes da porteira: Engloba a
indústria de insumos, máquinas, equipamentos, comercio de animais, de sêmen e
de embriões.
b)
Setor biológico – dentro da porteira: São as
atividades desenvolvidas dentro da propriedade rural, compreendida como as
atividades de cria, recria e engorda dos bovinos.
c)
Setor a jusante – depois da porteira: São as
atividades desenvolvidas pelos frigoríficos, matadouros, indústria do couro,
indústria química e farmacêutica.
Para que o produto carne (Sim! Não esqueça que
bovinocultura de corte produz CARNE), chegue ao consumidor da forma que ele
deseja, deve haver uma preparação desde os insumos ofertados que são produzidos
no primeiro setor componente dessa cadeia. A preocupação com o produto final
deve vir acompanhando o desenvolvimento e evolução do produto ao longo do seu
processo produtivo. Isso chama-se integração da cadeia.
Integrar a cadeia passa por entender que se qualquer
um dos setores tirar o foco da qualidade da carne ofertada na prateleira do
varejo, todos os componentes da cadeia produtiva estarão sendo prejudicados de
alguma forma no médio e longo prazo. Um lote de bezerros desqualificados
geneticamente por exemplo, pode interferir, no futuro na decisão de compra do
cliente por um Kg de frango e não por um Kg de carne, que um país opte por
importar carne de outro ao invés de importar carne do Brasil e assim por
diante.
Promover essa integração é o X da questão, mas passa
por entender que gestão é sistêmica não só no universo interno da organização,
mas também sistêmica nas relações externas. A dependência que a cadeia da carne
tem da produção de bezerros qualificados é total e essa responsabilidade cai de
fato no ombro do pecuarista que desenvolve a atividade de cria.
Talvez por esse fato, essa seja a atividade mais
trabalhosa e mais custosa, o que não implica na menos rentável diga-se de
passagem! Produzir bezerros em quantidade e qualificados exige uma atenção nos
insumos a serem utilizados, no sêmen, na saúde da matriz, nos cuidados com a
amamentação.
No Brasil, antes de pensar na qualidade
diferenciada, ainda há uma preocupação com a quantidade produzida, pois a
instabilidade do sistema, do clima, do uso de recursos produtivos e de
tecnologia, muitas vezes obriga o produtor a diminuir seu plantel de matrizes,
ou diminuindo a eficiência reprodutiva, contribuindo de forma negativa os
resultados futuros de toda a cadeia.
Todos esses entraves dificultam a integração da
cadeia principalmente dentro do setor biológico, onde nem sempre o criador
consegue fornecer um produto (bezerro) de boa qualidade para os recriadores e
invernistas. Ocorre também, por falta de uso de recursos tecnológicos já
disponíveis, o recriador não conseguir explorar todo o potencial de um bezerro
de qualidade diferenciada, atrasando o desenvolvimento do processo de engorda e
ofertando entraves ao crescimento do setor e desenvolvimento da cadeia.
Assim, a observação do momento em relação a cadeia
da carne é de ajuste a uma situação de abertura de mercado e por consequência
de busca por competitividade. Produção mais acelerada, mais intensificada e com
custos unitários menores conquistados pelo poder de produção em escala.
Ainda dentro desse enfoque de cadeia produtiva
eficiente e interligada, pode-se observar o surgimento de algumas alianças
mercadológicas entre criadores e invernistas, entre invernistas e frigoríficos,
entre invernistas e vendedores de varejo, tudo em busca de uma produção maior e
de melhor qualidade que traga mais rentabilidade e crescimento consistente da
cadeia como um todo.
Adriana Calmon de Brito Pedreira
MSc.
em Administração Estratégica
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