Os frigoríficos
brasileiros que exportam seus produtos para a União Europeia também vão pagar a
conta do escândalo provocado pela descoberta do uso de carne de cavalo em lugar
da bovina em alimentos vendidos no Velho Continente, para permitir a retomada
da confiança dos consumidores.
A Europa vai inevitavelmente endurecer suas regras de rastreabilidade e tornar
obrigatória uma rígida rotulagem da carne vendida nos 27 países da UE, qualquer
que seja a procedência.
O presidente da Federação Europeia de Produtores de Carne Bovina, Pierre
Chevalier, quer que a Europa rotule toda a carne. O Brasil deverá aplicar a
mesma rotulagem para os pedaços de entrecorte, bife, carne moída, etc. A carne
brasileira é excelente e seus produtores também terão interesse em dar total
transparência ao consumidor europeu.
De acordo com o vice-presidente da Federação Francesa de Agricultura, Henri
Bies-Péré, na França, o problema com a falta de rastreabilidade foi logo conhecido,
mas em alguns países na Europa existe ausência de transparência na
rastreabilidade.
O deputado e ativista ecológico José Bové quer que os produtores indiquem aos
consumidores não apenas informações como a origem da carne e local do abate dos
animais, mas também como eles são alimentados.
Para Chevalier, da Federação Europeia, compensará aos brasileiros gastar um
pouco mais para atender às exigências adicionais da Europa para acalmar os
consumidores. Mas para Fleury, o ideal seria o Brasil se concentrar nos
mercados asiáticos, onde o consumo está aumentando. Ele afirma que a carne
europeia tem a vantagem de ser produzida localmente. A federação de Fleury
assinou um acordo com o Carrefour pelo qual a rede varejista se comprometeu a
utilizar 100% de carne francesa por seis meses em seus pratos preparados. A
Intermarché, outra cadeia de supermercados, também confirmou compromisso com
uma cooperativa que reúne 17 mil pecuaristas franceses.
As vendas de pratos congelados a base de carne bovina recuaram 45% em grandes
supermercados franceses na primeira semana de revelação do escândalo da carne
de cavalo. No Reino Unido, um entre três britânicos diz ter parado de comprar
pratos preparados. Segundo Chevalier, a produção bovina na Europa seguirá em
declínio. Neste ano, a queda estimada é de 3%. Ele disse que só a França perdeu
200 mil vacas na concorrência com a produção agrícola, já que mais pessoas
abandonaram a pecuária para produzir cereais.
Fonte:
Beef
Point – 04/03/2013
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