O Brasil conseguiu manter o status de "país de risco insignificante" de doença de vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina, EEB), o que poderá facilitar a derrubada de recentes embargos de alguns países contra a carne brasileira.
O comitê científico da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês) anunciou nesta segunda-feira (11/2) que manteve o status do Brasil, mas recomenda "forte monitoramento" sobre a doença.
O comitê fez uma sabatina com a delegação do Brasil na semana passada, em Paris, depois dos embargos à carne brasileira, provocados pela notificação do primeiro caso de doença da vaca louca registrado no país, no ano passado, numa fazenda no Paraná.
Após "extensiva deliberação", o comitê científico "concluiu em não retirar o status de risco insignificante no Brasil".
O comitê também afirmou que a identificação do caso único de doença da vaca louca não está colocando em risco a saúde animal ou dos consumidores dos parceiros do Brasil, especialmente porque o animal no Paraná foi abatido e nenhuma parte dele entrou na cadeia alimentar.
No entanto, o comitê da OIE notou "com preocupação que houve considerável atraso até que o Brasil enviasse as amostras clínicas para confirmação do diagnostico para um laboratório de referencia da OIE", diz o texto divulgado nesta segunda-feira em Paris.
Assim, o comitê cobra do Brasil que apresente informações mais detalhadas sobre os procedimentos adotados para processar as amostras e melhore o sistema de vigilância no país. Com isso, espera que o país faça melhor monitoramento da situação e consiga manter seu status sanitário.
A OIE diz que o comitê voltará a avaliar a situação brasileira em setembro, com base em informações adicionais que espera receber por parte do Brasil.
Em dezembro, em entrevista ao Valor, o diretor-geral da OIE, Bernard Vallat, disse que, pelas normais sanitárias atuais não era em razão de um único caso que o Brasil perderia seu status, o melhor possível em relação à doença da vaca louca.
Vallat insistiu que não havia risco de se consumir carne vermelha mesmo quando um país é atacado pela doença da vaca louca. Há outros riscos no consumo de alguns órgãos, mas não no caso do músculo.
Quanto ao debate sobre atraso do Brasil em apresentar os testes sobre o caso do Paraná, Vallat foi claro: "É verdade que o Brasil teve um problema de logística. Mas se o Brasil queria esconder alguma coisa, o problema de atraso não teve incidência. O Brasil declarou o caso e é isso que interessa".
Para o diretor da OIE, os países importadores deveriam retomar as importações da carne brasileira "o mais breve possível".
O secretário de defesa agropecuária do Ministério da Agricultura, Enio Marques Pereira, já avisou que agora vai cobrar dos parceiros na Organização Mundial do Comércio (OMC) que suspendam o embargo a crise brasileira.
Ele tem insistido que o sistema de vigilância sanitária no Brasil "é muito forte". Explicou em recente passagem por Genebra que "para obter status de risco insignificante, é preciso fazer 300 mil pontos na vigilância definida pela OIE e o Brasil fez 2 milhões de pontos".
Para Enio, o fato de o país ter feito 600% a mais de pontos e o atual caso de BSE não alteram a estratégia de prevenção adotada pelo Brasil.
Em dezembro, num encontro em Genebra com representantes de vários países importadores da carne brasileira, surgiram de novo perguntas sobre a demora nos testes do caso do Paraná. Enio Marques admitiu que houve um "erro de comunicação" na notificação a OIE, que começa mencionando a data de 18 de dezembro de 2010, como se naquele momento o Brasil soubesse que se tratava de caso de vaca louca. Na verdade, diz ele, o caso foi identificado em junho deste ano.
Além disso, o ministério rastreou o pequeno rebanho da viúva proprietária da vaca morta, em Sertanópolis, e abateu os outros nove animais, depois de ter feito testes confirmando que eles não tinham a doença.
Fonte: Scot Consultoria – 11/02/2013
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