sexta-feira, 29 de junho de 2012

Setor de carnes investe para gerar contrapartidas socioambientais

Um mercado cujas cifras são bilionárias não poderia sobreviver sem gerar contrapartidas ambientais e sociais. E para que isso aconteça são necessários investimentos tecnológicos que aumentem a eficiência do setor de maneira sustentável. A conclusão parece ser evidente entre os principais empresários do agronegócio presentes no painel Inovações Tecnológicas e Sustentabilidade no Setor de Carnes, que fez parte do debate sobre Segurança Alimentar e Sustentabilidade no Agronegócio, no Humanidade 2012.

Apesar de acharem injustas as frequentes acusações dos ambientalistas de que são eles os grandes destruidores de florestas, os pecuaristas garantem estar fazendo a sua parte, trabalhando com novas tecnologias e ações de logística, educação e de gestão. "A pecuária bovina está no centro das discussões sobre o desmatamento por ser uma atividade de fronteira, mas nos últimos anos aumentamos a produção e diminuímos a área de pasto", afirmou o diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio. Segundo ele, a demanda por carne pode e deve ser atendida de forma sustentável. "Depois da estabilização da economia, o produtor se viu forçado a ser eficiente e, em 15 anos, reduzimos 2% as áreas de pasto e aumentamos a produção em 700%", destacou.
Entre as tecnologias aplicadas para o maior aproveitamento do solo está a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), sistema produtivo que levou o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) a inclui-lo entre as seis medidas sustentáveis do Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC). Por meio do ILPF, o sequestro de CO2 promovido pela fotossíntese neutraliza o gás metano produzido pelos animais ali criados. Até 2020, o Programa ABC pretende reduzir entre 18 milhões e 22 milhões de toneladas de CO2 equivalentes e promover a recuperação de 15 milhões de hectares de áreas de pastagens degradadas. Outra técnica apresentada é a chamada "Boi na sombra", na qual é realizada a arborização de pastagens.
Para o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra, a produção avícola está distante do bioma brasileiro, é intensiva em trabalho e não em terra. Turra mostrou alguns cases de sucesso, como a reutilização de 70% da água consumida na produção, a geração de energia elétrica a partir de biomassa, o reúso da cama de frango e compostagem, a geração de energia elétrica a partir de biomassa - o que diminui o excesso de resíduos, removendo os óleos, gorduras e matéria orgânica do flotador e reduz o número de dragagens dos lagos. "Com essas e outras práticas, reduzimos 95% a emissão de GEE", informou Turra.
Entre as várias iniciativas adotadas pela área de produção de suínos está a construção de um sistema biodigestor que gera energia elétrica para tratamento de águas residuais nas unidades de produção. Também foram introduzidas caldeiras a vapor movidas a biomassa para substituir os combustíveis fósseis; melhorias em efluentes de tratamento de esgotos e resíduos; incentivo ao reflorestamento e uso crescente de energia renovável.
"Registramos queda de 1,9% no consumo de energia em 2011 em relação ao ano anterior", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abiecs), Pedro Camargo Neto. Uma clara indicação de eficiência, diz ele, tendo em vista que a produção aumentou 4,1% durante o mesmo período em uma determinada fazenda. Outra ação importante no setor é a coleta segura de vacinas, medicamentos e resíduos gerados nas fazendas. O setor também desenvolve programas de capacitação e sensibilização de funcionários para a necessidade de preservação do meio ambiente.
Fonte:Site da Carne – 25/06/2012


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