segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Deve intensificar a exportação de carnes no Brasil

O Brasil tem atualmente 2.095 fazendas pecuaristas habilitadas a exportar carne para a União Européia. São propriedades que se submeteram a um processo burocrático, lento e sujeito a auditorias de seis em seis meses. Nos bons tempos no continente europeu, fazendas que se sujeitaram ao protocolo e foram aprovadas na cobiçada lista receberam até R$ 10 a mais por arroba. Atualmente, porém, o prêmio fica entre R$ 3 e R$ 4 por arroba. Adicione-se a isso a crise na Europa para que o criador se pergunte se compensa continuar exportando.
Para economista Thiago Bernardino de Carvalho, pesquisador do Cepea/Esalq/USP, o mercado exportador continua interessante para o produtor, mas é preciso ficar atento à crise. "O pecuarista deve buscar a excelência na produção de carne não só de olho no mercado externo, mas pensando no consumidor interno, que, no futuro, vai passar a exigir carne cada vez de melhor qualidade."
Já o consultor Hyberville Neto, da Scot Consultoria, também chama atenção para o consumo crescente de carne no Brasil pelas classes C e D. "O mercado interno aquecido acaba competindo com as exportações. Se o câmbio também não está favorável e o ágio sobre o "boi-Europa" não está compensador, o pecuarista tem que avaliar o que é melhor", diz. O diretor da Praterra Agropecuária, Caio Augusto Arroyo Barbosa, concorda. "Mesmo habilitado, o produtor deve colocar tudo na ponta do lápis. Este ano, com o confinamento 30% mais caro, foi mais negócio vender os animais antes, aproveitando os picos da arroba."
Na pecuária há 40 anos, Edson Crochiquia, com rebanhos em Agudos (SP) e em Pedra Preta e Paranatinga (MT) - em Agudos, são 5.200 cabeças, entre recria e confinamento. Já as de Mato Grosso são de cria, com 25 mil animais -, garante que o esforço compensa. "Além de a fazenda se profissionalizar, a qualidade dos animais aumenta significativamente." E arremata: "A pecuária brasileira não é de excelência, mas as fazendas que cumprem o protocolo de exportação podem ser consideradas de excelência."
Para o ciclo 2011/2012, a cota brasileira é de 10 mil toneladas. Crochiquia diz que dos 4 mil animais abatidos este ano, 2.200 cabeças vão para a Cota Hilton. "O prêmio para quem exporta para a União Européia varia de 2% a 4% a mais sobre o valor da arroba; na Cota Hilton, a premiação é de 4% a 7%", diz, satisfeito, o criador.
Fonte: Acrissul





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